Céu obtido com o atlas celeste digital Stellarium, para o dia 18 de setembro de 2012. Polaris Australis
está indicada no centro. À direita vemos a constelação do Cruzeiro do Sul, e podemos observar que a
haste maior do Cruzeiro aponta para ela. Notem o ponto cardeal sul (letra S), na superfície da Terra.
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Domingos S. L. Soares*
De BH
No hemisfério norte, existe uma estrela muito brilhante, de magnitude visual 2, chamada Estrela Polar ou Polaris, na constelação de Ursa Menor, que se situa, atualmente, bem próxima do polo norte celeste. Em coordenadas equatoriasi do ano 2000, a sua declinação era de +89 graus e 16 minutos, ou seja, muito próxima do polo norte celeste, por definição, localizado na declinação +90 graus.
Para localizar o polo sul celeste, em −90 graus, não dispomos no hemisfério sul de uma estrela tão brilhante. Existe uma estrela, a sigma de Octante, também chamada de Polaris Australis, localizada a pouco mais de 1 grau do polo sul — para comparação, o diâmetro da Lua cheia é de 0,5 grau. Ela possui magnitude visual de 5,5, bem no limite da visualização a olho nu, o que significa que ela não é muito útil. Mas temos outro recurso: a constelação do Cruzeiro do Sul, que é bastante conhecida e muito fácil de se ver no céu. Para encontrarmos o polo sul celeste, e Polaris Australis, basta estendermos a haste maior da cruz, a partir da estrela mais brilhante do Cruzeiro, por uma distância igual a 4 vezes o tamanho desta haste maior, e chegaremos bem próximo do polo sul celeste. Daí, se baixarmos uma perpendicular em direção à superfície terrestre, encontraremos o polo sul geográfico, o que pode ser de bastante utilidade, se estivermos perdidos...
Mas ainda não falamos da Polarissima Australis! Como o superlativo indica, trata-se de um objeto celeste mais próximo do polo sul do que Polaris Australis. Esta possui declinação do ano 2000 de −88 graus e 57 minutos, e a Polarissima Australis de −89 graus e 20 minutos. Que objeto é este? Pode ele ser útil na localização do polo sul celeste?
A Polarissima Australis é uma galáxia! Trata-se de uma galáxia espiral barrada, com o número de catálogo NGC 2573 (tipo morfológico SBc — veja o meu artigo A forquilha de galáxias de Hubble), de magnitude visual 13,5, que só pode ser vista, com algum esforço, se dispomos apenas de um telescópio modesto. Vemos, portanto, que ela não é muito útil para se localizar o polo sul celeste, numa situação de emergência.
NGC 2573, Polarrissima Australis, em cores
artificiais (SkyView/DSS2 Blue).
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Boa sorte então aos observadores para mais este desafio! Polarissima Australis!
*Domingos S. L. Soares é físico, astrônomo e professor aposentado do Departamento de Física da UFMG.
3 comentários:
Por um descuido, coloquei Polaris na constelação de Cão Menor, quando na verdade ela é a alfa de
Ursa Menor.
Desculpem a nossa falha...
Domingos Savio Soares
Olá Professor Domingos,
Corrige o erro e obrigado pela colaboração. Abs
Antônio Arapiraca
Parabéns por este post. Aqui está uma explicação clara e simples sobre um tema bastante interessante.
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