Via Boletim Faperj
Ilustração de Maurílio Oliveira |
O pesquisador explica que o nome Oxalaia é derivado e Oxalá, divindade masculina mais respeitada na religião africana pelos negros durante o período da escravidão no Brasil. "Já quilombensis vem da expressão portuguesa quilombo, local que abrigava escravos fugidos e seus descendentes – conhecidos como quilombolas", complementa. Além de Kellner, mais quatro pesquisadores do Museu Nacional/UFRJ – Sergio A. K. Azevedo, Elaine B. Machado; Luciana B. Carvalho e Deise D. R. Henriques respectivamente – assinam o artigo que descreve a nova espécie.
A apresentação do gigante carnívoro foi feita pela paleontóloga Elaine B. Machado. "O Oxalaia quilombensis era de espécie de espinossaurídeos, dinossauros com crânio alongado e espinhos que formam uma espécie de vela nas costas, que habitou o Maranhão há 95 milhões de anos", explica Elaine. Ela acrescenta que mais duas espécies de espinossaurídeos foram descritas no Brasil, ambas do período cretáceo inferior, que viveram na região da Chapada do Araripe, entre os estados do Ceará, Piauí e Pernambuco: o Irritator challengeri e o Angaturama Limai. Este último, apresentado há dois anos numa exposição no Museu Nacional/UFRJ realizada com apoio da FAPERJ, era até a descoberta do gigante maranhense, uma das maiores espécies de dinossauros carnívoros do País. "Porém, vale destacar que o Oxalaia seria mais parecido com os espinossaurídeos encontrados no norte da África do que com os brasileiros. Isso acontece porque, no período anterior, os continentes africano e americano eram um só", acrescenta.
A pesquisadora Elaine Machado mostra como seria o Oxalaia quilombensis, o maior dinossauro carnívoro brasileiro. Créditos: André Muzell/R7 |
Campos falou sobre a nova espécie, encontrada nos afloramentos de um ramal ferroviário entre Presidente Prudente e Pirapozinho, no sudoeste de São Paulo. O animal viveu no período imediatamente anterior à extinção dos dinossauros, entre 65 e 90 milhões de anos atrás. “Suas feições o colocam na família dos peirossaurídeos, conjunto de crocodilomorfos com crânio e dentes peculiares, cujo gênero – Peirosaurus – foi descrito pela primeira vez em extratos da mesma época, em Peirópolis, nas cercanias da cidade mineira de Uberaba”, explicou. Um crânio, mandíbulas, cinco dentes pré-molares e um molde que sugere como seria sua cabeça foram exibidos ao público presente. “Em nossas escavações, descobrimos dois crânios e mandíbulas, além dos dentes pré-molares que apresentamos”, acrescentou.
O crocodilomorfo recebeu o nome de Pepesuchus deisae. “O primeiro nome foi uma homenagem ao geógrafo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) José Martin Suárez, mais conhecido pelos colegas como Pepe, que, no final da década de 1960, ajudou nas coletas de fósseis na região”, destacou Campos. “Já o segundo foi uma homenagem a nossa colega do Museu Nacional/UFRJ Deise D. R. Henriques, que participou diretamente da coleta do material e muito tem ajudado em outras pesquisas”, complementou.
Reconstrução de uma espécie pré-histórica do jacaré que conhecemos hoje, que viveu há cerca de 80 milhões de anos. Créditos: André Muzell/R7 |
O presidente da ABC, Jacob Palis destacou a importância do evento e das descobertas paleontológicas. Já o vice-diretor do Museu Nacional/UFRJ, Marcelo Carvalho enfatizou que parte das peças serão exibidas numa exposição no museu a partir desta quinta-feira, 17 de março. “Também vamos reinaugurar a exposição do Maxakalisaurus topai, popularmente conhecido como Dinoprata", acrescentou. Apresentado em 2006 no museu, a montagem de seu esqueleto e a de outro dinossauro gigante, o Futalognkosaurus dukei, foi realizada, em sua maior parte, com apoio da FAPERJ.
Com 7 mm de comprimento, esse fóssil caracteriza uma espécia primitiva de um pequeno lagarto, batizado de Brasiliguana prudentis. Créditos: André Muzell/R7 |
Penas fossilizadas de animais emplumados não voadores que habitaram a Terra há cerca de 115 milhões de anos. Créditos: André Muzell/R7 |
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