quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dia dos Mortos celebrado com festa

Por Débora Alcântara*
De Salvador

Festa, música, flores coloridas, muita comida, bolos e doces, principalmente os preferidos das pessoas que já morreram. É assim que se celebra o Dia dos Mortos no México. No país, notadamente no sul, cada casa ganha nos dias 1º e 2 de novembro um altar enfeitado em homenagem aos mortos da família. A celebração ainda tem como ingrediente o mezcal, bebida alcoólica destilada que se diferencia da tequila por ser mais "rústica" e popular.


“Esse jeito de tratar a morte é uma característica muito importante do mexicano”, disse a psicóloga mexicana Daniela María García, 26, que está em Salvador há um mês fazendo pesquisas de doutoramento. Segundo ela, muitos pensam que os mexicanos têm um humor difícil de se entender em relação a outras culturas.

Mas na Bahia, é possível observar “un poco” desse humor “extraño”. Não foi do nada que Jorge Amado buscou inspiração para escrever sua obra A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água, que tem como esteio o realismo mágico. No lugar do mezcal, na obra do escritor baiano, é com a cachaça que o morto Joaquim Soares da Cunha é velado pelos amigos, que resolvem levá-lo para um último passeio pela Cidade Baixa da capital baiana.

“Em muitas cidades do interior do nordeste brasileiro há um hábito semelhante de se beber o morto, como no México”, explica o teólogo Padre Manoel de Oliveira Filho. Na Europa e países asiáticos, segundo ele, a comida também faz parte da celebração. “Na Rússia, por exemplo, os jantares são um momento de saudação aos mortos, como consta na literatura de Dostoiévski”, lembra o teólogo.

Já para chineses, japoneses, tibetanos e indianos, influenciados pela cultura budista, a morte é ocasião de júbilo e a comida faz parte das práticas de reverência, como oferendas em altares. Mas nada disso é comparado à celebração de origem indígena, cultuada há, pelo menos, três mil anos no México.

“A cultura reza que os espíritos dos mortos voltam nessa data para conviver com a família. Eu não acredito nisso, mas pratico a festa por ser uma coisa cultural”, disse Daniela María García, que mora desde 2007 na cidade de Oaxaca.

Acreditando na volta dos mortos ou não, o que a mexicana pode assegurar é que pelas ruas do país, católicos, indígenas e espiritualistas se unem com um mesmo objetivo: participar da festa e oferendas de alimentos e bebidas, partilhados, na crença mexicana, entre mortos e vivos.

* Débora Alcântara é jornalista e editora do fóton Blog.

fonte: Jornal A TARDE em 02/11/2011

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