quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Produtos químicos usados depois de derrames de petróleo seriam prejudiciais para a vida marinha


Via o Blog Olho de Biologo
Por Juliette Savin

O uso de dispersores químicos para reduzir o impacto do vazamento de petróleo do Deepwater Horizon, no Golfo do México, pode ter prejudicado a vida marinha mais do que o petróleo cru, segundo Peter Hodson, especialista em toxicologia aquática da Universidade de Queen's em Kingston, no Canadá.

Hodson apresentou esse resultado durante o SETAC, congresso anual da Sociedade pela Toxicologia Ambiental e Química (Society of Environmental Toxicology and Chemistry), realizado no inicio de novembro em Portland, Oregon, nos EUA.


Deepwater Horizon era uma plataforma de extração de petróleo localizada no golfo do México, e construída especialmente para perfurar poços de petróleo em águas ultraprofundas (até 2400 m de profundidade). A Deepwater afundou no golfo do México em abril de 2010, causando o maior derrame de petróleo no mar da história.


Logo depois do derrame, a British Petroleum (BP) começou a usar dispersores químicos para, como o nome indica, dispersar o petróleo em gotinhas microscópicas. Segundo a BP, essas gotinhas facilitam o processamento por bactérias que digerem petróleo, e também evitam que placas de petróleo cheguem a praias e litorais.

Muitas pessoas, inclusive cientistas, ativistas e ambientalistas, denunciaram o uso exagerado de dispersores depois da explosão da Deepwater Horizon. A toxicidade dos dispersores químicos não tinha sido testada de maneira rigorosa e a Agência de Proteção do Meio Ambiente (Environmental Protection Agency EPA, o IBAMA dos EUA) resolveu pedir aos pesquisadores da BP que realizassem testes antes de espalhar grandes quantidades de dispersores no golfo do México.   Os resultados dos testes foram publicados pela EPA em agosto de 2010. Baseados na análise do impacto de 8 tipos de dispersores sobre espécies de camarão e peixe, eles estipularam que o uso de dispersores não é mais ou menos tóxico para organismos marinhos do que o petróleo cru. No entanto, a EPA recomenda usar dispersores com moderação e só quando necessário.

Agora em uma pesquisa independente, Peter Hodson mostra que dispersores têm um impacto sobre embriões de peixes. Com o uso de dispersores, os constituintes poluentes do petróleo, os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), se espalham pela água em gotas microscópicas e contaminam volumes muito maiores de água do que uma mancha de petróleo cru na superfície do oceano, por exemplo.  Isso aumenta drasticamente a exposição de organismos marinhos a esses poluentes. Hodson observou que embriões do peixe “aranque do Atlantico” (nome cientifico Clupea harengus) são muito sensíveis quando expostos à HPAs, e que mesmo uma curta exposição (1h), tem efeitos negativos nos embriões. Os peixes expostos, quando se tornam adultos, sofrem doença, problemas para nadar e morrem antes dos outros.

Leia a materia da revista Nature sobre esse estudo aqui

Um comentário:

Unknown disse...

Essa atitude só pode ser descrita pelos jargões populares: "Tapar o Sol com a peneira" + "para inglês ver"... e olha que os ingleses somos nós!

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