quarta-feira, 2 de março de 2011

Energia solar e educação navegam no mesmo barco em Florianópolis


De Munich/Alemanha*
De BH/MG**

Créditos: mateusvicente.com
No pódio a alegria é grande e os sorrisos são enormes. A idade média dos jovens ali deve ser uns 20 anos, e todos são estudantes, alguns universitários, outros de escola técnica ou de segundo grau. Eles acabaram de participar da 5a edição da competição brasileira de barcos movidos a energia solar, o Desafio Solar Brasil, que aconteceu de 10 a 19 de fevereiro em Florianópolis e foi organizada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em conjunto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O Desafio Solar Brasil acontece desde 2009 e já desponta como uma das grandes iniciativas em inovação e educação tecnológica no país. A competição é um rali de regularidade onde os barcos que participam devem ser pequenos (6 m de comprimento no máximo) e movidos somente graças à energia produzida por 6 painéis solares. Essa energia alimenta um motor elétrico que faz o barco se movimentar, e claro, pode ser armazenada em baterias quando produzida em excesso. Esse sistema não produz emissões de gases poluentes, não polui a água, e usa uma fonte de energia mais limpa, gratuita e ilimitada: a luz do sol.

Close dos troféus da competição.

A ideia de organizar a competição no Brasil foi de um grupo de professores e alunos do Polo Náutico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Eles participaram, em 2008, de uma competição parecida na Holanda, o Frisian Solar Challenge, e conseguiram com o barco Copacabana ficar em 4o lugar na categoria monocasco e em 7o no geral da competição. 

Barco Copacabana em 2008 
Um detalhe importante é que a equipe brasileira foi a única equipe não europeia a participar daquela edição do evento. A experiência foi tão enriquecedora e estimulante que, na volta, os integrantes da equipe Copacabana decidiram organizar uma competição de barcos solares no país. A competição é aberta a quem quiser participar, mas com prioridade para equipes compostas por jovens alunos de faculdades, escolas, institutos, até mesmo membros de ONGs ou outras iniciativas de caráter social. O Desafio Solar Brasil já aconteceu em Paraty, Niterói, Cabo Frio, e em 2011, pela primeira vez fora do estado do Rio de Janeiro, em Florianópolis.

Dez equipes do Rio de Janeiro e de Santa Catarina participaram dessa quinta etapa e a vencedora, foi a equipe Arpoador que é composta por membros do Polo Náutico da UFRJ. Uma equipe composta por alunos da Escola Técnica Henrique Lage de Niterói, chegou em segundo lugar e na terceira colocação chegou a equipe Água Viva, do Instituto Náutico de Paraty, uma ONG que promove a prática de esportes náuticos em Paraty. Um fato digno de nota é que das 5 etapas realizadas até agora a competição teve 3 equipes campeãs. Isso mostra que o nível da competição vem melhorando e diversas são as inovações propostas pelas equipes no design, nos motores e nos circuitos elétricos dos barcos.

Piloto da equipe Arpoador, do Polo Náutico da UFRJ, comemorando a vitória na etapa de Florianópolis. Créditos: mateusvicente.com

Barco da Escola Técnica Henrique Lage, segundo colocado. Créditos: mateusvicente.com

Barco VDC2, do Instituto Náutico de Paraty, terceiro colocado.

Coelho no comando do Copacabanana em  2008.
Para Rafael Coelho, engenheiro naval e piloto do barco Copacabana na competição holandesa de 2008, o Desafio Solar Brasil já é um sucesso. “A realização da última edição em Florianopolis é um reflexo da amplitude do evento. É extremamente recompensador ver os jovens (ou não) estudantes trabalhando pesado para ter seus barcos prontos pra as provas com o mesmo, ou talvez mais, ânimo e entusiasmo que tivemos na Holanda em 2008” salienta. Quanto à evolução tecnológica das equipes, ele complementa enfatizando que nesses três anos houve um grande ganho. “Na primeira edição do evento as equipes lutavam para que os barcos completassem as provas, na última a briga era por segundos no tempo final. Acredito que o próximo passo seja a presença de equipes de outros países da américa do sul” emenda Coelho.

O uso de energia solar, em conjunto com outras fontes de energia limpa esta sendo cogitada para movimentar barcos maiores. A equipe do Polo Náutico pensa em desenvolver projetos de barcos ‘híbridos’ para a coleta do lixo e o transporte de passageiros na baía de Guanabara. Além disso, a entrada das equipes Catarinenses na competição representou um forte impulso, pois o estado de Santa Catarina vem dando uma ênfase muito forte ao desenvolvimento de inovações.

O Desafio Solar Brasil mostrou que mexer com energia solar está ao alcance de todos. Fiquem de olho no site do Desafio Solar Brasil para informações sobre a próxima etapa da competição.

*Juliete Savin é bióloga, especialista em divulgação científica e colabora com fóton Blog. Foi assessora de comunicação do Desafio Solar Brasil nos anos de 2009 e 2010, além de ter sido membro da equipe Copacabana na Frisian Solar Challenge de 2008.

**Antônio Arapiraca é físico, professor do CEFET/MG e editor do fóton Blog. Em 2009, na primeira edição do Desafio Solar Brasil, coordenou juntamente com Damião almeida e Flávio Feliciano a equipe SOLARIS.

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