O estudante Gustavo Haddad Braga é um herói olímpico de um tipo pouco comum. Nada de atletismo, vôlei ou natação. Ele acaba de conquistar para o Brasil a primeira medalha de ouro em uma Olimpíada Internacional de Física.
Foi a coroação de um desempenho cada vez melhor das delegações brasileiras na prestigiada competição. Na 42ª edição da International Physics Olympics (IPhO, na sigla), realizada de 10 a 18 de julho, em Bangkok, na Tailândia, todos os cinco alunos do Brasil conquistaram medalhas.
Além do ouro para Gustavo, que representou a primeira conquista do tipo para um país ibero-americano, foram quatro medalhas de bronze, obtidas pelos alunos do ensino médio Ivan Tadeu, do Colégio Objetivo São Paulo (mesma escola de Gustavo), José Guilherme Alves, do Colégio Ari de Sá, do Ceará, Lucas Hernandes, do Colégio Etapa de São Paulo e Ricardo Duarte Lima, do Colégio Farias Brito, do Ceará.O Brasil participa da IPhO desde 2000 por iniciativa da Sociedade Brasileira de Física (SBF). O evento visa a estimular o interesse pela disciplina, aproximar o ensino médio das universidades e selecionar talentos para as competições internacionais. Nesta edição, os estudantes brasileiros concorreram com 394 alunos de 84 países. Os participantes nacionais são selecionados por meio da Olimpíada Brasileira de Física (OBF).
“Foi uma experiência incrível. Além dos novos conhecimentos na disciplina, conheci pessoas de toda parte do mundo e também tive a oportunidade de rever alguns estudantes da edição anterior da competição, na Croácia, criando uma rede de contatos muito interessante”, disse Gustavo. “Estou muito feliz e orgulhoso por ser o primeiro brasileiro da história a ganhar essa medalha de ouro na competição, uma conquista que levarei por toda a minha carreira”, apontou.
A equipe brasileira foi liderada pelo professor do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), Euclydes Marega Jr., que também é coordenador-geral da Olimpíada Brasileira de Física (OBF). “A IPhO é a competição de mais alto nível no mundo na área da física para estudantes do ensino médio”, disse. “Sem dúvida, tivemos a melhor participação nos 12 anos em que o Brasil participa. Tanto por ser a primeira medalha de ouro que ganhamos, como também pelo alto nível técnico das provas, cujos resultados nos equiparam agora aos países mais avançados na área.”
Foram dois dias de prova com cinco horas cada. No primeiro foram aplicadas três questões teóricas e, no segundo, duas questões experimentais. No total, 50 pontos estavam em jogo e Gustavo Haddad conseguiu obter 41,29 pontos no total.
Segundo ele, a prova desse ano abordou basicamente problemas de gravitação, termodinâmica, elétrica e mecânica. “As questões são bem complexas e possuem um nível técnico bem avançado que se compara às disciplinas do ensino superior aqui no Brasil, apesar de a competição ser direcionada ao ensino médio. Os problemas em pauta nos permitem, inclusive, aprender novos conceitos durante a prova, uma vez que eles geralmente incluem o desenvolvimento de modelos para o estudo de novos fenômenos da física”, explica Gustavo.
“Além da minha família que sempre me incentivou muito, atribuo essa conquista aos meus professores do Colégio Objetivo e também ao treinamento experimental oferecido pela SBF no Instituto de Física de São Carlos. Esse tipo de evento é fundamental para a formação e identificação de novos talentos. Eu mesmo, por exemplo, comecei a estudar e a me interessar mais pela disciplina por conta da Olimpíada Brasileira de Física”, relata.
Gustavo está embarcando hoje (20/7) para Portugal, onde participará da Olimpíada de Matemática da Lusofonia e, no final de agosto, também participará da Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA), na Polônia.
Os estudantes brasileiros foram selecionados pela OBF entre alunos de mais de 4,5 mil escolas brasileiras. Em seguida, os selecionados pela OBF são preparados pela Sociedade Brasileira de Física (SBF) para participar da IPhO e também da Olimpíada Ibero-Americana de Física (OIbF).
Atualmente, o Brasil é o país da América Latina com o maior número de medalhas na IPhO e na OIbF. Em 2010, todos os componentes de equipe brasileira na IPhO foram medalhistas. Na OIbF, em que tradicionalmente participam países da América Latina, Portugal e Espanha, o Brasil também é o país com maior número de medalhas, tendo sido campeão em várias edições. Em 2010, por exemplo, quatro estudantes conquistaram medalhas de ouro na OIbF.
“Com essa medalha de ouro na IPhO, o Brasil passa a fazer parte de um grupo seleto de países, ficando à frente de outras nações da Europa como Itália e Suíça, e ao lado de França e Alemanha, que têm uma larga tradição nesse tipo de evento”, destaca José David Mangueira Viana, do Instituto de Física da Universidade de Brasília (UnB). “Por isso parabenizamos os nossos medalhistas, seus professores e escolas, as coordenações estaduais e toda a equipe de preparação da OBF coordenada pelo professor Euclydes Marega Jr.”, complementa.
Mais informações sobre a IPhO: http://ipho2010.hfd.hr
Mais informações sobre a OBF: http://www.sbfisica.org.br
fonte: Sociedade Brasileira de Física
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