Por Paloma Oliveto - Correio Braziliense
Publicação: 21/02/2011 17:08 Atualização: 21/02/2011 18:12

Representações gráficas de uma realidade geralmente restrita aos laboratórios podem aproximar as pessoas comuns da ciência. Com essa ideia, pela oitava vez, a revista especializada Science premiou as imagens mais fantásticas do ramo divulgadas em 2010.
A número 1 foi justamente uma representação do HIV. A equipe do químico Ivan Konstantinov recebeu o prêmio na categoria ilustração pelo mais detalhado modelo em três dimensões já feito do vírus causador da Aids. “Tentamos mostrar a partícula do vírus o mais próximo possível da realidade”, diz o pesquisador russo ao Correio. Para chegar à imagem, a equipe trabalhou com informações de mais de 100 artigos publicados em revistas científicas. Segundo Konstantinov, o resultado é uma boa ferramenta que poderá ser usada com fins científicos e educativos. “As ilustrações podem ter aplicações práticas na internet ou em plataformas móveis, como o iPad”, comenta.
![]() |
A capa da edição de 8/9 da revista Nature Medicine, que mostra o vírus HIV, foi eleita a melhor ilustração |
Na categoria mídia não interativa, o primeiro lugar ficou com um vídeo sobre o lixo. Os produtores utilizaram 3 mil peças coletadas em Seattle e Washington e colocaram sensores nelas para mostrar o caminho percorrido no mapa dos Estados Unidos. De acordo com Carlo Ratti, diretor do filme TrashTrack, a ideia é, “a partir de imagens impressionantes, aumentar a consciência das pessoas sobre o impacto do lixo no ambiente”. “Nosso projeto pretende mostrar o destino dos objetos que usamos no dia a dia, assim como ressaltar a ineficiência dos atuais sistemas sanitários e de reciclagem”, conta, por meio da assessoria de imprensa da SENSEable City Lab, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Já os fungos renderam à artista Kandis Elliot, do Departamento de Botânica da Universidade de Wisconsin-Madison, o prêmio de melhor infografia do ano. “Fungos são complexos. Não se trata apenas de cogumelos comestíveis. Hoje, eles já são usados para fazer biocombustível e têm muitas aplicações médicas”, diz ao Correio. O pôster desenhado por Kandis mostra diversas espécies de fungos — desde os mais “inocentes”, que estão na composição de queijos, cervejas e pães, até os perigosos, que causam doenças e mortes em morcegos.
A capa da revista Science de 18 de fevereiro é estampada pela imagem que venceu a categoria fotografia. Trata-se de uma camada de moléculas em uma superfície de ouro. Juntas, elas medem apenas 0,2 nanômetro. A foto, porém, assemelha-se a um oceano. Os autores, Seth B. Darling, do Argonne National Laboratory, e Steven J. Sibener, da Universidade de Chicago, destacam que a imagem foi colorida artificialmente, em computador.
“Pesquisadores estão gerando um número inimaginável de informações. A habilidade de processar esses dados e apresentá-los de forma compreensível é um aspecto que ganha cada vez mais importância, pois os cientistas precisam se comunicar uns com os outros e, especialmente, com os estudantes e o grande público”, destacam, na Science, os editores Jeff Nesbit e Colin Norman. “É por isso que, nos últimos oito anos, a revista e a Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos têm promovido desafios anuais para incentivar os pesquisadores”, explicam. Nessa última edição, 111 trabalhos foram avaliados por um comitê formado por funcionários da Science e da FNC.
1º lugar - ilustração
O HIV como nunca foi visto. A imagem (que abre esta matéria) em três dimensões resume os resultados de publicações científicas nos campos de virologia, análises de raios X e espectrometria. No modelo, a membrana viral é composta por 160 mil moléculas de oito diferentes tipos na mesma proporção encontrada em uma partícula do HIV. A ilustração foi capa da edição de 8 de setembro da revista Nature Medicine. Ela acompanhava um artigo sobre o plano dos cientistas de acelerar o desenvolvimento de uma vacina efetiva contra o vírus da Aids.

1º lugar - mídia não interativa

1º lugar - gráficos informais




A imagem em três dimensões é da Enterobacteria Phage T4 no momento em que ela ataca uma bactéria. Bacteriophages são vírus que infectam micro-organismos como a E. coli e mudam suas funções biológicas normais para usá-los como “fábricas de replicação”. Quando atacados, esses micro-organismos morrem e, como zumbis, são transformados em vírus que fazem exatamente o que a Bacteriophages manda.

A imagem mostra uma porção do AraNet, uma rede de genes da planta Arabidopsis. A ilustração do gene foi construída a partir de observações experimentais da planta e de outros modelos de organismos. Cada linha representa uma ligação funcional entre os dois genes e a cor indica a força de cada uma dessas ligações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário