Trabalho recém-publicado pela revista Nature, que revela descobertas sobre o planeta-anão Eris e confirma o enquadramento de Plutão nessa nova classe de astros, teve participação de três pesquisadores do Departamento de Física da UFMG. O professor Wagner Corradi, o recém-doutor Wilson Reis e o doutorando Fabio Santos integram grupo de 14 brasileiros vinculados a oito instituições que analisaram dados do estudo liderado pelo astrônomo Bruno Sicardy, do Observatório de Paris.
A definição de características como raio, densidade e tipo de atmosfera de Eris – descoberto em 2005 por Mike Brown e colaboradores –, confirma semelhanças com Plutão e reforça a tese de que este planeta, que foi “rebaixado” em 2006, deve ser considerado parte de uma classe diferente da que reúne Terra, Marte, Júpiter e os outros planetas que compõem o sistema solar.
“A importância dessa descoberta está em que ela coloca Plutão definitivamente na nova classe de planetas-anões”, afirma Wagner Corradi. Para a UFMG, a participação no estudo significa passo inédito na direção do reconhecimento internacional e abre portas para novos convites relacionados a pesquisas de ponta e obtenção de financiamentos. “Esse trabalho põe em evidência a qualidade da pesquisa dos corpos docente e discente do Departamento de Física”, completa Corradi, que tem expertise em fotometria (medida das propriedades físicas a partir da luz emitida pelos objetos) e polarimetria (medida da polarização da luz que permite inferir o campo magnético e propriedades dos grãos de poeira interestelar).
Análises em rede
O estudo publicado em outubro teve origem na previsão, feita por Marcelo Assafin, do Observatório do Valongo (UFRJ), de que, no dia 6 de novembro de 2010, Eris ocultaria uma estrela, fazendo-a desaparecer por alguns minutos. Situações do gênero, que lembram os eclipses da Lua e do Sol, são oportunidades de mAnálises em redeedições fundamentais para que se conheçam as características de um objeto.
O grupo de Corradi, que tinha horário reservado no Observatório do Pico dos Dias – do Laboratório Nacional de Astrofísica, em Brasópolis, Sul de Minas –, foi um dos convidados a participar da observação do fenômeno, que durou de um a dois minutos, dependendo do telescópio, e mobilizou equipes em 26 países. A expectativa era de que, em função da localização, os grupos do Brasil, Chile e Argentina fizessem observação direta. Os centros europeus, por exemplo, mesmo não visualizando o fenômeno, ajudariam na confirmação das previsões.
A ocultação da estrela por Eris não foi vista pelos observatórios brasileiros, em função do tempo chuvoso, mas Corradi e seus alunos integraram a rede de pesquisadores que analisaram os dados coletados na observação do trânsito de Eris. “Nessa fase, realizamos em conjunto estudos de aspectos como as curvas de luz, sincronização dos resultados dos diferentes telescópios, e propusemos outras análises”, conta o pesquisador do Instituto de Ciências Exatas (ICEx).
O estudo publicado em outubro teve origem na previsão, feita por Marcelo Assafin, do Observatório do Valongo (UFRJ), de que, no dia 6 de novembro de 2010, Eris ocultaria uma estrela, fazendo-a desaparecer por alguns minutos. Situações do gênero, que lembram os eclipses da Lua e do Sol, são oportunidades de mAnálises em redeedições fundamentais para que se conheçam as características de um objeto.
O grupo de Corradi, que tinha horário reservado no Observatório do Pico dos Dias – do Laboratório Nacional de Astrofísica, em Brasópolis, Sul de Minas –, foi um dos convidados a participar da observação do fenômeno, que durou de um a dois minutos, dependendo do telescópio, e mobilizou equipes em 26 países. A expectativa era de que, em função da localização, os grupos do Brasil, Chile e Argentina fizessem observação direta. Os centros europeus, por exemplo, mesmo não visualizando o fenômeno, ajudariam na confirmação das previsões.
A ocultação da estrela por Eris não foi vista pelos observatórios brasileiros, em função do tempo chuvoso, mas Corradi e seus alunos integraram a rede de pesquisadores que analisaram os dados coletados na observação do trânsito de Eris. “Nessa fase, realizamos em conjunto estudos de aspectos como as curvas de luz, sincronização dos resultados dos diferentes telescópios, e propusemos outras análises”, conta o pesquisador do Instituto de Ciências Exatas (ICEx).
Momento certo
Eris está distante do Sol 95,7 UA (unidades astronômicas – 1 UA é a distância média entre a Terra e o Sol), três vezes mais que Plutão, que está a 39,5 UA. A atmosfera condensada sobre o planeta torna mais fácil definir sua borda pelo efeito da luz e extrair as informações.
De órbita muito excêntrica, o planeta-anão tende a se aproximar do Sol. “Em pouco mais de 200 anos, Eris estará mais quente e sua atmosfera vai se expandir. Nesse sentido, foi ótimo ter feito as observações no momento em que a atmosfera está condensada, facilitando a determinação do raio”, observa o professor Wagner Corradi.
Se as primeiras medições de Eris indicavam raio entre 1.250 e 1.500 quilômetros, com margem de erro em torno de 200 quilômetros, o novo estudo chegou à medida de 1.163 quilômetros, com incerteza de apenas seis. A definição do raio do objeto contribui para definição do volume, que por sua vez se alia à massa para verificação da densidade.
A existência de uma lua, chamada Dysnomia, permitiu a definição da massa do planeta. Eris é 27% mais pesado que Plutão, e tem densidade de 2,52 g/cm2 – o planeta é provavelmente um grande corpo rochoso coberto por manto relativamente fino de gelo. O albedo é de 0,96 – ou seja, 96% da luz que incide sobre o planeta é devolvida ao meio. Além de Eris e Plutão, os planetas-anões do sistema solar são Haumea, Makemake e Ceres.
O chefe do Departamento de Física, professor Gabriel Franco, comemora a primeira publicação de astrônomos da UFMG na revista Nature e a participação em trabalho conjunto que obteve medições astrofísicas com precisão sem precedentes. “O trabalho teve grande repercussão, e sem dúvida pode desencadear novas colaborações em outros projetos de grande relevância”, ele comenta.
O artigo pode ser encontrado emwww.nature.com/nature/journal/v478/n7370/full/nature10550.html.
Eris está distante do Sol 95,7 UA (unidades astronômicas – 1 UA é a distância média entre a Terra e o Sol), três vezes mais que Plutão, que está a 39,5 UA. A atmosfera condensada sobre o planeta torna mais fácil definir sua borda pelo efeito da luz e extrair as informações.
De órbita muito excêntrica, o planeta-anão tende a se aproximar do Sol. “Em pouco mais de 200 anos, Eris estará mais quente e sua atmosfera vai se expandir. Nesse sentido, foi ótimo ter feito as observações no momento em que a atmosfera está condensada, facilitando a determinação do raio”, observa o professor Wagner Corradi.
Se as primeiras medições de Eris indicavam raio entre 1.250 e 1.500 quilômetros, com margem de erro em torno de 200 quilômetros, o novo estudo chegou à medida de 1.163 quilômetros, com incerteza de apenas seis. A definição do raio do objeto contribui para definição do volume, que por sua vez se alia à massa para verificação da densidade.
A existência de uma lua, chamada Dysnomia, permitiu a definição da massa do planeta. Eris é 27% mais pesado que Plutão, e tem densidade de 2,52 g/cm2 – o planeta é provavelmente um grande corpo rochoso coberto por manto relativamente fino de gelo. O albedo é de 0,96 – ou seja, 96% da luz que incide sobre o planeta é devolvida ao meio. Além de Eris e Plutão, os planetas-anões do sistema solar são Haumea, Makemake e Ceres.
O chefe do Departamento de Física, professor Gabriel Franco, comemora a primeira publicação de astrônomos da UFMG na revista Nature e a participação em trabalho conjunto que obteve medições astrofísicas com precisão sem precedentes. “O trabalho teve grande repercussão, e sem dúvida pode desencadear novas colaborações em outros projetos de grande relevância”, ele comenta.
O artigo pode ser encontrado emwww.nature.com/nature/journal/v478/n7370/full/nature10550.html.
fonte: Boletim da UFMG
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