sábado, 15 de outubro de 2011

Os desafios e obstáculos da pós-graduação no Brasil

No 10º encontro da série Debate FINEP, nesta terça-feira, 11/10, os pró-reitores de Pesquisa e Pós-graduação Hélio Leães Hey, da Universidade Federal de Santa Maria, e Danilo Giroldo, da FURG (Fundação Universidade Federal do Rio Grande), apresentaram estudo que mostra a distribuição geográfica da pós-graduação e suas relações com indicadores socioeconômicos no Brasil. O ponto alto foi o desenvolvimento de um mapa dividido em 137 mesorregiões – agrupamentos de municípios.


O mapa é uma evolução da versão criada pela Capes, dividida pelas 27 unidades federativas e, até então, utilizada como referência no Plano Nacional de Pós Graduação (PNPG).

Desta forma, a assimetria constatada na distribuição regional dos cursos de pós-graduação e doutores foi identificada dentro dos próprios estados. Se antes as regiões Sul e Sudeste eram consideradas as mais ativas academicamente, o estudo aponta que nelas e em todos os outros estados há lacunas. Ou seja, existe concentração de cursos e doutores nas áreas metropolitanas brasileiras, e não nas regiões mais desenvolvidas do país.

Logo, investir nas regiões Norte ou Nordeste, por exemplo, sem levar em conta estes vazios, pode acabar indo contra o objetivo de reduzir o desnível acadêmico dentro das unidades federativas. “Políticas de alocação de recursos generalizados tendem a aumentar a concentração nos centros de excelência das regiões metropolitanas”, disse Giroldo. Uma das consequências disto é a dificuldade em utilizar a pós-graduação como ferramenta de transformação da realidade socioeconômica do país. “O mapa da pós-graduação mudou. Hoje o país está em 13º lugar na geração de conhecimento e formamos milhares de doutores a mais do que há 10 anos. O mapa da fome, no entanto, continua o mesmo. Embora a gente espere que a pós-graduação ajude a mudar a nossa realidade, isto não está acontecendo. E temos que pensar no porquê disso”, apontou Leães.

Além disso, há uma disponibilidade maior de doutores do que de cursos em nosso território. Apenas 24% das mesorregiões contam com nenhum ou apenas um doutor, enquanto 45,3% estão desprovidas de cursos de formação. Ou seja, a falta de estrutura é mais determinante do que a falta de recursos humanos.

De acordo com os pró-reitores, o desafio é investir na educação de base e promover uma expansão da pós de acordo com a vocação e o potencial de cada mesorregião. Investir na formação de doutores nestes locais também é fundamental. “É muito difícil fazer com que um pesquisador saia do Sudeste para o Nordeste, por exemplo, e quando isso ocorre, o profissional fica no local por pouquíssimo tempo”, disse Giroldo. Ainda de acordo com eles, o valor das bolsas para cada área do conhecimento deveria ser redimensionado. “As bolsas oferecidas pelo governo para doutorandos em Tecnologia da Informação não são nem um pouco atrativas quando comparadas ao salário oferecido no mercado produtivo – e até mesmo no exterior”, ressaltou Leães.

Os pró-reitores lembraram alguns programas de governo que contemplam melhorias no ensino superior, como o REUNI e o Ciência Sem Fronteiras. “Mas tudo é decidido dentro de gabinete e sem a presença de quem vive o dia a dia da universidade. Com este estudo, estamos tentando nos inserir neste processo”, concluiu Giroldo.

O estudo foi realizado durante o ano de 2010 e, segundo os pró-reitores, a ideia surgiu durante a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), onde era constante a discussão sobre a heterogeneidade dos estados em relação à distribuição de cursos de pós e doutores. Eles tiveram apoio da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e do Colégio de Pró-reitores de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação das Ifes (Copropi).

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