Por Luiz Lopes*
De Dininópolis - MG
Há alguns dias esbarrei com o nome de Juan Gelman. Não conhecia o poeta, mas logo me vi seduzido por seus versos. Trata-se de um dos maiores poetas de língua espanhola e de um escritor argentino que de uns tempos pra cá ocupa um lugar ao sol nas letras argentinas e no gosto do público leitor de poesia. No Brasil, existe uma edição bilíngue, bem cuidada e interessante para quem deseja entrar no universo de Gelman.
Com tradução, prefácio e seleção de Eric Nepomuceno, Amor que serena, termina?, título da antologia e de um poema famoso do poeta argentino, consegue abarcar muitos momentos grandiosos desse escritor indispensável.
Presença do outono
Devia ter dito te amo
Mas estava o outono fazendo sinais,
Cravando suas portas em minha alma.
Amada, tu, recebe-o
Vai buscá-lo, transporta a tua doçura
Por sua doçura-mãe.
Vai buscá-lo, vai, outono duro,
Outono suave em quem reclino meu ar.
Vai buscá-lo, amada.
Não sou quem te ama este minuto.
É ele em mim, seu invento.
Um lento assassinato de ternura.
GELMAN, Juan. Amor que serena, termina?. Rio de Janeiro: Record, 2001.
*Luiz Lopes é professor de lingua portuguesa do CEFET/MG e edita o blog Caderno de Caligrafia.
fonte: Caderno de Caligrafia
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