quinta-feira, 1 de março de 2012

Origens do Sistema Métrico Decimal

Usage des Nouvelles Mesures by o baricentro da mente
Do blog O Baricentro da Mente 

Palavras como arrátel e côvado, que soam estranhas para nós hoje em dia, foram tão  familiares a nossos antepassados como, guardadas as proporções, as palavras quilo e centímetro atualmente. Arrátel e côvado designavam, respectivamente, uma unidade de peso e uma unidade de comprimento do sistema de pesos e medidas brasileiro que vigorava antes da adoção do sistema métrico decimal. Aliás, esse sistema antigo deixava a desejar por vários motivos, entre os quais o fato de não obedecer a uma estruturação consistente e não adotar a escala decimal.

No mundo naquela época, antes do século XVIII, havia uma diversidade muito grande de unidades de pesos e medidas, o que dificultava o comércio entre as nações. Porém, já se pensava na possibilidade de um sistema único, universal, decimal. Não era fácil conseguir essa uniformização, mas no século XVIII, a Academia de Ciências da França nomeou uma comissão de grandes cientistas (como os matemáticos Laplace, Lagrange e Monge) para fazer um projeto com essa finalidade.

Dos trabalhos dessa comissão, encerrados em 1799, nasceu o sistema métrico decimal, hoje praticamente universalizado. O metro (a unidade de medida) foi definido como a décima milionésima parte da distância do equador ao Pólo Norte.

Utilizando o Google Earth, fiz uma medição entre as coordenadas (0,0) e (90,0) encontrando uma distância de 10.000.608m. Então, a décima milionésima parte seria:
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Hoje é possível definir o metro de uma maneira mais precisa: O metro é o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299 792 458 do segundo. Assim, a velocidade da luz no vácuo, c0, é exatamente igual a 299 792 458 m/s.
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O sistema métrico decimal só começou a se tornar realidade em 1837, quando seu uso passou a ser obrigatório na França.

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[Protótipo em platina do metro usada de 1889 a 1960]

No Brasil, ele foi introduzido por uma lei em 26 de junho de 1862. Essa lei era bastante prudente, pois estabelecia um prazo de dez anos para que cessasse por completo o uso das antigas unidades de medida. Nesse meio tempo, se prepararia o terreno para a mudança, com a vinda dos novos padrões da França e a inclusão do ensino do sistema métrico decimal nas escolas. A partir de 1º de julho de 1873, o uso do sistema antigo implicaria multas e até prisão.

Ocorreu então, no Brasil, um fato que entrou para a história. Talvez porque a vigência do novo sistema de medidas tivesse coincidido com um aumento de impostos, algumas províncias do Nordeste tentaram resistir à sua adoção, e desencadearam uma insurreição que ficou conhecida como Revolta do Quebra-Quilos. Naquela ocasião, chefiava o Gabinete do Governo, o visconde de Rio Branco, um estadista de grande valor e que não era homem de se intimidar.

Entre os líderes dos quebra-quilos havia padres e senhores de engenho, o que, a princípio, acarretou uma certa adesão popular ao movimento. Mas, para enfrentar a firme reação do governo, os líderes da rebelião recrutaram bandoleiros e bandidos, o que acabou por enfraquecer o movimento. Pouco mais de um ano depois de iniciada a revolta, os insurretos tiveram de se render.

Diante das represálias do governo, algumas províncias do Nordeste baixaram leis locais para fazer com que o novo sistema coexistisse com o antigo. Porém, o governo do Império estava inflexível e demonstrou a inconstitucionalidade dessas leis.

Hoje nos parece um absurdo que uma mudança como essa, tão importante para o comércio internacional, pudesse ter acarretado derramamento de sangue. Mas, mesmo que não houvesse outros motivos, a tradição arraigada é uma barreira difícil de transpor. Por exemplo, nos Estados Unidos, o sistema métrico decimal ainda não conseguiu desbancar o sistema inglês de pesos e medidas, tradicional do país. Esse sistema inclui unidades como o pé (de comprimento) e a libra (de peso), e ainda está em pleno uso.

Referências:

[1] Matemática e Realidade: 6º ano – Gelson Iezzi, Osvaldo Dolce e Antônio Machado
[2] http://images.math.cnrs.fr/Un-homme-a-la-mesure-du-metre-I.html

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