Olival Freire Júnior |
Jayme Tiomno |
Entrevista concedida ao físico Antônio Arapiraca
fóton Blog - Na madrugada desta quarta-feira (12/01) tivemos a notícia da morte do físico teórico brasileiro Jayme Tiomno. Que tipo de protagonista perde a ciência brasileira?
Olival Freire Júnior - Tiomno foi dos mais brilhantes cientistas brasileiros, do porte de um César Lattes, de um Carlos Chagas, de um José Leite Lopes, de um Mário Schenberg, de um Sergio Porto e de um Moysés Nussenzveig, embora menos conhecido, entre o grande público, quanto alguns que acabei de citar.
fóton Blog - Como historiador de ciências, de que forma o senhor avalia a contribuição do professor Jayme Tiomno para a física, sobretudo para a física nacional?
Olival Freire Júnior - Tiomno deixou contribuições variadas. A primeira foi a visibilidade da ciência brasileira, no cenário internacional, que chegou a construir. Fez um trabalho seminal com a universalidade das interações fracas e foi indicado ao Nobel. Quando eu consultei os arquivos de John Wheeler, que foi seu orientador em Princeton, eu fiquei emocionado com o respeito e admiração que Wheeler tinha por ele. Tiomno deu também grandes contribuições para a institucionalização da física, com a criação do CBPF, e de seu ensino no Brasil.
fóton Blog - Sabemos que em 2003 o senhor publicou juntamente com o professor José Maria Filardo Bassalo, da UFPA, um artigo na Revista Brasileira de Ensino de Física intitulado "Wheeler, Tiomno e a Física brasileira". Neste artigo consta que vocês entrevistaram o professor Tiomno e a esposa, a também física Elisa Frota Pessoa. Sem contar com a edição e a formalidade de que o artigo deve ser imbuído, quais as suas impressões mais pessoais, frutos desta entrevista?
Olival Freire Júnior - Tiomno era uma pessoa difícil de ser entrevistada. Ele falava pouco, muito reservado. Elisa é mais expansiva, mas o entrevistado era o Tiomno e não ela. Como nós fizemos a entrevista depois da consulta aos arquivos de Wheeler, nós levamos mais novidades para o Tiomno que ele trouxe para nós. Ele não sabia, por exemplo, que havia sido nominado ao Prêmio Nobel.
fóton Blog - A cobertura da mídia nacional com relação à morte de um cientista da envergadura de Tiomno foi quase inexistente. Na sua opinião, como tem sido a cobertura sobre ciência e tecnologia no país feita pelos veículos de massa?
Olival Freire Júnior - Nós ainda temos um grande deficit na integração da ciência à cultura brasileira. Tiomno, assim como Lattes e Chagas, deveriam integrar uma lista de nossos ícones culturais, ao lado de um Guimarães Rosa, um Graciliano Ramos, um Machado, um Pelé, um Villas Lobo ou Jorge Amado. Infelizmente isso ainda não acontece e isso dificulta a generalização da cultura científica entre nós. Nas escolas a ciência é ensinada como algo desencarnado, praticada apenas por europeus e norte-americanos, alheia à cultura brasileira.
Um comentário:
Sobre o premio Nobel, penso que seria melhor o Brasil ter 5 premios nobeis, ao inves de ser pentacampeão no futebol. Isto significaria que haveria um grande suporte para as Universidades, consequentemente para educação como um todo, implicando muito na qualidade de vida do povo.
Segundo, hoje penso que o trabalho do Constantin Tsalis poderia ser considerado, pois tem uma mudança conceitual importante e um sem numero de aplicações.
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