WASHINGTON - Cientistas da Nasa usaram o Telescópio Fermi de Raios Gama para detectar feixes de antimatéria produzidos por tempestades na Terra, um fenômeno nunca visto antes.
Para eles, as partículas de antimatéria foram formadas em flashes de raios gama terrestres (TGF), uma curta explosão produzida dentro das tempestades de raios e trovões e associadas aos relâmpagos.
Estima-se que cerca de 500 TGFs acontecem diariamente em todo o mundo, mas a maioria não é detectada.
- Estes sinais são a primeira evidência de que tempestades produzem feixes de antimatéria - diz Michael Briggs, membro do Monitor de Explosões de Raios Gama do Telescópio Fermi da Universidade do Alabama em Huntsville. Ele apresentou a descoberta nesta segunda-feira, durante o encontro da Sociedade Americana de Astronomia, em Seattle.
- Em órbita há menos de três anos, a missão Fermi tem fornecido ferramentas para investigar o universo. Mas aprendemos que ele pode descobrir mistérios muito mais perto de casa - diz Ilana Harrus, cientista do programa Fermi no escritório da Nasa em Washington.
Em 14 de dezembro de 2009, Fermi captou, no Egito, raios gama terrestre mesmo sem enxergar a tempestade |
observou, mas em quatro casos as tempestades aconteceram longe de Fermi. Durante uma TGF em 14 de dezembro de 2009, o Fermi estava acima do Egito, mas a tempestade acontecia sobre Zâmbia, a 4,5 mil quilômetros ao sul. Como a tempestade estava abaixo do horizonte de Fermi, nenhum raio gama produzido foi detectado.
- Mas mesmo quando o Fermi não podia ver a tempestade, ele estava magneticamente conectada a ela - explica Joseph Dwyer, do Instituto de Tecnologia de Melbourne, na Florida. - O TGF produziu elétrons e pósitrons de alta velocidade, que viajaram pelo campo magnético da Terra até atingir a nave.
A presença de pósitrons mostra que muitas partículas energéticas estão sendo lançadas da atmosfera e os cientistas agora acreditam que todos os TGFs emitem feixes de elétrons e pósitrons.
- Os resultados do Fermi nos aproximam do entendimento de como os TGFs trabalham - diz Steven Cummer, da Duke University. - Nós ainda precisamos descobrir o que há de especial nessas tempestades e o papel exato dos relâmpagos neste processo.
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