No Observatório da Imprensa em 03/01/2012 na edição 675
O sistema de transmissão de dados que hoje é conhecido como internet foi originalmente desenvolvido em território norte-americano durante os anos 1960. Seu objetivo era promover, no auge da Guerra Fria, o resguardo de informações governamentais, impedindo assim um suposto acesso por forças soviéticas a arquivos materiais confidenciais. Mas o incremento comercial da plataforma logo promoveu um acelerado fluxo de informações, capaz de modificar economias e culturas em escala global.
Sua arquitetura em rede passou a integrar computadores autônomos em escala global, de modo que não houvesse uma central para controlar nitidamente as informações disponibilizadas.
Na contemporaneidade, a internet constitui-se como uma mídia comunicacional pseudo-alternativa, uma vez que, ao mesmo tempo em que atua como instrumento poderoso na propagação de mensagens de movimentos minoritários, também tem sido controlada por impérios midiáticos transnacionais. Sua constituição comercial, que no Brasil ocorreu na primeira metade dos anos 1990, tem modificado a cadeia de valor da dos negócios comunicacionais, uma vez que promoveu importantes alterações nas relações com fornecedores, em ciclos de produção e venda e distribuição de bens simbólicos.
Seguramente pode-se afirmar que se antes a mídia impressa, os aparelhos de rádio e as televisões comunicavam limitadamente as audiências, agora uma enorme parcela da sociedade encontra-se conectada, recebendo e enviando informações. Ainda que serviços comunicacionais como o correio, o telégrafo ou a rede telefônica já possibilitassem a interação interpessoal à distância, a internet foi responsável pela reciprocidade instantânea entre os usuários.
Relações familiares
A comunicação mediada por equipamentos eletrônicos alterou as relações humanas e sua sociabilidade. Na internet, as populares redes sociais se materializam através de sites, nos quais o usuário cadastrado pode criar seu perfil e publicar dados pessoais, fotos, audiovisuais e músicas, assim interagindo com amigos virtuais inscritos no mesmo serviço. Trata-se de uma espécie de projeção da vida real no plano virtual cuja limitação substancial vem a ser justamente o contato pessoal.
As primeiras redes neste modelo surgiram nos anos 1990, fortemente focadas em conteúdos nostálgicos. A proposta da Classmates, por exemplo, criada por Randy Conrads em 1995, era o restabelecimento de contato com conhecidos do passado. Em 1997, o Sixdegrees inovou ao possibilitar aos seus usuários a criação de páginas pessoais personalizadas, listas de amigos e envio de mensagens. Mais recentemente, em 2003, surgiu o MySpace, vinculado ao popular programa de mensagens MSN Messenger. Além da sinergia com a Microsoft, que garantiu uma enorme quantidade de usuários em pouco tempo, este novo serviço pouco inovou. Atualmente, o acesso às redes sociais constitui a principal atividade dos brasileiros conectados, superando o envio de correios eletrônicos, antigo líder. O Facebook, por exemplo, tem registrado um número de acessos semanais superior ao próprio Google, o mais conhecido buscador de palavras-chave do mundo.
As redes sociais se reinventam e integram funcionalidades diversas. O Facebook, por exemplo, oferece a possibilidade de chat (bate-papo) com os amigos cadastrados – seu rival Orkut, ainda que tardiamente, também incorporou a mesma ferramenta. Mas osegredo do sucesso do Facebook está na facilidade em constituir redes. Seus laços virtuais são tão fortes que, não exageradamente, pode-se afirmar que sua utilização tem modificado o comportamento offline das pessoas, uma vez que, não raramente, a dimensão entre o mundo real e o virtual se confunde.
A relação familiar também é algo extremamente forte nestas redes: 70% dos pais que estão no Facebook são amigos de seus filhos, apontou uma recente pesquisa publicada na internet. Além disso, segundo o mesmo estudo, o serviço mostra-se extremamente eficaz para, de certa forma, aproximar familiares que se encontram em um território distante. Outro indicador da enorme dimensão das redes sociais tem sido o visível esforço da Google em desenvolver o Google+, sua própria rede de contatos, ainda sem grande aceitação no Brasil.
Fatos e números
Tanto para utilização pessoal quanto comercial, as redes sociais estão amparadas pela chamada era da convergência digital, passando a integrar o bilionário rol de negócios da internet. O próprio Facebook, por exemplo, recebe mais acessos por celulares do que por computadores. No Reino Unido, essa mesma rede é responsável por 50% do tráfico de dados via mobile phone. Algumas redes sociais têm suas bases fundamentadas exclusivamente em dispositivos móveis, como o Foursquare, que trabalha com geolocalização e, por tanto, não faz sentido se acessada de plataformas fixas.
No âmbito profissional, também é digno de observação o fato de que 95% das empresas contratantes utilizam o LinkedIn. A rede social que recebe um novo cadastro de usuário por segundo promete facilitar o conhecimento de profissionais, através de seus contatos mútuos, através de ligações diretas, de segundo grau, terceiro grau e assim por diante. O impacto do compartilhamento de opiniões nas redes sociais também é digno de atenção: 90% dos consumidores pesquisam e acreditam nas opiniões de outros consumidores, sobre produtos e marcas comentadas nas redes sociais, mesmo quando o usuário é desconhecido. Apenas 14% assumiram confiar na propaganda convencional. Possivelmente seja por isso que 93% dos profissionais de marketing já utilizam as mídias sociais.
*Andres Kalikoske e Bruno Bottega são, respectivamente, doutorando em Ciências da Comunicação na Unisinos e graduando em Comunicação Digital na mesma instituição
Na contemporaneidade, a internet constitui-se como uma mídia comunicacional pseudo-alternativa, uma vez que, ao mesmo tempo em que atua como instrumento poderoso na propagação de mensagens de movimentos minoritários, também tem sido controlada por impérios midiáticos transnacionais. Sua constituição comercial, que no Brasil ocorreu na primeira metade dos anos 1990, tem modificado a cadeia de valor da dos negócios comunicacionais, uma vez que promoveu importantes alterações nas relações com fornecedores, em ciclos de produção e venda e distribuição de bens simbólicos.
Seguramente pode-se afirmar que se antes a mídia impressa, os aparelhos de rádio e as televisões comunicavam limitadamente as audiências, agora uma enorme parcela da sociedade encontra-se conectada, recebendo e enviando informações. Ainda que serviços comunicacionais como o correio, o telégrafo ou a rede telefônica já possibilitassem a interação interpessoal à distância, a internet foi responsável pela reciprocidade instantânea entre os usuários.
Relações familiares
A comunicação mediada por equipamentos eletrônicos alterou as relações humanas e sua sociabilidade. Na internet, as populares redes sociais se materializam através de sites, nos quais o usuário cadastrado pode criar seu perfil e publicar dados pessoais, fotos, audiovisuais e músicas, assim interagindo com amigos virtuais inscritos no mesmo serviço. Trata-se de uma espécie de projeção da vida real no plano virtual cuja limitação substancial vem a ser justamente o contato pessoal.
As primeiras redes neste modelo surgiram nos anos 1990, fortemente focadas em conteúdos nostálgicos. A proposta da Classmates, por exemplo, criada por Randy Conrads em 1995, era o restabelecimento de contato com conhecidos do passado. Em 1997, o Sixdegrees inovou ao possibilitar aos seus usuários a criação de páginas pessoais personalizadas, listas de amigos e envio de mensagens. Mais recentemente, em 2003, surgiu o MySpace, vinculado ao popular programa de mensagens MSN Messenger. Além da sinergia com a Microsoft, que garantiu uma enorme quantidade de usuários em pouco tempo, este novo serviço pouco inovou. Atualmente, o acesso às redes sociais constitui a principal atividade dos brasileiros conectados, superando o envio de correios eletrônicos, antigo líder. O Facebook, por exemplo, tem registrado um número de acessos semanais superior ao próprio Google, o mais conhecido buscador de palavras-chave do mundo.
As redes sociais se reinventam e integram funcionalidades diversas. O Facebook, por exemplo, oferece a possibilidade de chat (bate-papo) com os amigos cadastrados – seu rival Orkut, ainda que tardiamente, também incorporou a mesma ferramenta. Mas osegredo do sucesso do Facebook está na facilidade em constituir redes. Seus laços virtuais são tão fortes que, não exageradamente, pode-se afirmar que sua utilização tem modificado o comportamento offline das pessoas, uma vez que, não raramente, a dimensão entre o mundo real e o virtual se confunde.
A relação familiar também é algo extremamente forte nestas redes: 70% dos pais que estão no Facebook são amigos de seus filhos, apontou uma recente pesquisa publicada na internet. Além disso, segundo o mesmo estudo, o serviço mostra-se extremamente eficaz para, de certa forma, aproximar familiares que se encontram em um território distante. Outro indicador da enorme dimensão das redes sociais tem sido o visível esforço da Google em desenvolver o Google+, sua própria rede de contatos, ainda sem grande aceitação no Brasil.
Fatos e números
Tanto para utilização pessoal quanto comercial, as redes sociais estão amparadas pela chamada era da convergência digital, passando a integrar o bilionário rol de negócios da internet. O próprio Facebook, por exemplo, recebe mais acessos por celulares do que por computadores. No Reino Unido, essa mesma rede é responsável por 50% do tráfico de dados via mobile phone. Algumas redes sociais têm suas bases fundamentadas exclusivamente em dispositivos móveis, como o Foursquare, que trabalha com geolocalização e, por tanto, não faz sentido se acessada de plataformas fixas.
No âmbito profissional, também é digno de observação o fato de que 95% das empresas contratantes utilizam o LinkedIn. A rede social que recebe um novo cadastro de usuário por segundo promete facilitar o conhecimento de profissionais, através de seus contatos mútuos, através de ligações diretas, de segundo grau, terceiro grau e assim por diante. O impacto do compartilhamento de opiniões nas redes sociais também é digno de atenção: 90% dos consumidores pesquisam e acreditam nas opiniões de outros consumidores, sobre produtos e marcas comentadas nas redes sociais, mesmo quando o usuário é desconhecido. Apenas 14% assumiram confiar na propaganda convencional. Possivelmente seja por isso que 93% dos profissionais de marketing já utilizam as mídias sociais.
*Andres Kalikoske e Bruno Bottega são, respectivamente, doutorando em Ciências da Comunicação na Unisinos e graduando em Comunicação Digital na mesma instituição
Nenhum comentário:
Postar um comentário