Por Hélio Brandão
De BH
A recente homologação de quatro recordes mundiais em aeronáutica é o coroamento de um longo trabalho de pesquisa e desenvolvimento realizado no Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA-UFMG). Após 11 anos de trabalho, a Fédération Aéronautique Internationale (FAI), entidade Suíça e que homologa os registros em aviação, reconheceu o CEA-308 como o avião leve mais rápido do mundo.
Paulo Iscold: quatro recordes e reconhecimento internacional |
Os recordes anteriores já eram bem antigos, sendo que o mais recente, na modalidade de percurso de três quilômetros, foi cravado em 1999, na Áustria (veja tabela nesta página).
Facilitando a pilotagem
Criado em 1963, o Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA) já recebeu diversos prêmios, nacionais e internacionais, pelos seus projetos. Consolidado o recorde, Paulo Iscold não vê desafios iminentes para o CEA-308. Mas isso não quer dizer que o ritmo de trabalho vá diminuir. Segundo o pesquisador, o CEA também desenvolve protótipos de acrobacias, aviões-autônomos, peças como turbinas eólicas e o projeto do avião facilitado, cujo objetivo é popularizar a condução de aeronaves: “Queremos tornar a pilotagem de um avião tão fácil quanto a de um carro. Estamos desenvolvendo um computador capaz de auxiliar nos comandos, quase um piloto automático, mas ainda submetido a um piloto humano”, explica Iscold.
Essa variedade de projetos atrai tanto parceiros públicos, como agências de fomento a pesquisa e inovação, quanto empresas privadas, num claro sinal da credibilidade conquistada pelo CEA ao longo dos anos, inclusive no cenário internacional. O Centro de Estudos Aeronáuticos já auxiliou equipes da África do Sul e da Inglaterra no Red Bull Air Race, desafio que mistura corrida e acrobacias com aviões, trabalhando com a equipe campeã da edição de 2010 do torneio.
O CEA também tem registrado patentes dos produtos desenvolvidos pelos estudantes. “Muitos dos conceitos formulados aqui acabam sendo aproveitados pelas empresas. É como um carro de Fórmula 1: difícil virar um produto, mas o avanço tecnológico chega, de alguma forma, até o consumidor”, diz Paulo Iscold.
O pesquisador acredita que o alcance do recorde é mais significativo do que o registro de patentes ou a publicação de artigos. “Temos que mensurar a produção científica de outras formas. Um projeto como o do CEA-308 é muito mais benéfico para a formação do aluno do que a publicação de artigos”, opina o professor, indicando a preocupação do Centro de Estudos Aeronáuticos com a consolidação da cultura aeronáutica no Brasil e a ênfase na formação dos estudantes.
Um dos meios usados para isso é o incentivo à tecnologia in-house, ou seja, o desenvolvimento próprio de peças, ferramentas, programas e projetos, em vez da simples aquisição de componentes no mercado internacional. “É importante estimular o desenvolvimento interno de tecnologia, pois dessa forma o aluno entende que a formação dele não deve em nada à que se oferece em outros países”, avalia.
Categoria | Recordes do CEA-308 (batidos em 2010 pelo comandante Gunar Armin) | Recordes anteriores |
Percurso de 3 km | 360.13 km/h | 351.39 km/h, por Peter Scheichenberger, Áustria, 1999 |
Percurso de 15 km | 329.1km/h | 292.15 km/h, por Charles Andrews, USA, 1982 |
Percurso de 100 km | 326.8 km/h | 297.7 km/h, por Brian Dempsey, USA, 1989 |
Razão de subida (até 3.000 m) | 8 minutos e 51 segundos | 13 minutos e 40 segundos, por Mikhail Markov, antiga União Soviética, 1990 |
fonte: Boletim da UFMG
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